sábado, 17 de julho de 2010

1910 - o Ano do Contato Imediato



Se a história me tivesse sido contada na mesa de um bar, ou numa reunião de ufólogos, confesso que eu iria ser um tanto cético. Mas as pessoas, que a contaram, eu conhecia muito bem. Sem nenhuma cultura bibliográfica ou literária, até porque eram semi-analfabetos, não poderiam ter criado uma história cheia de detalhes que só viriam a ser explorados anos mais tarde com o desenvolvimento tecnológico. Há que se ter em conta, também, a data de invenção do 14 Bis (1906), e ocorreu na França, não no Brasil. Não havia, portanto, aeronaves criadas pelo homem com a performance e desenvoltura da que aparece nesta história. Vou ser fiel à fala das personagens.


O fato ocorreu em 1910, numa cidadezinha do interior do Paraná (paralelo 22). Era uma noite de inverno, muito fria e havia morrido um conhecido dos meus tios Francisca e José Domingues. Numa última reverência integrada à cultura local, ambos foram ao velório e retornaram por volta da meia-noite. A região, era assolada pelo ataque de gambás o que exigia um certo cuidado dos criadores em fechar os galinheiros na boca da noite e abri-los pela manhã.

Quando retornaram, tia Francisca perguntou:

- Domingues, você fechou o galinheiro?

- Num lembro, mas vou olhar.

Tia Chica, que era um tanto medrosa, foi junto. Afinal ainda estava impressionada com a visão do defunto. Ficar sozinha à meia-noite, mesmo por um momento, nem pensar. Foram os dois até o fundo do quintal. O galinheiro havia sido fechado. Tio José aproveitando, resolveu urinar ali mesmo ao lado do galinheiro. Tia Chica contemplava o céu límpido, salpicado de estrelas. Era lua nova.

- Amanhã vai gear. O céu está muito limpo - disse tia Chica. O marido só resmungou enquanto urinava.

Num determinado momento, tia Chica teve um sobressalto:

- José, olhe lá. Uma lua está descendo.

De fato, uma grande esfera luminosa surgira no céu e começou a descer até um terreno baldio e amplo que divisava com os fundos do quintal deles. Isso lhes permitia ter uma visão ampla de todo o terreno. Os dois ficaram estarrecidos diante do quadro fantástico. O bólide foi perdendo altura e velocidade e pousou a poucos metros de onde estavam, sem encostar no solo. Pasmos, tentavam não perder nenhum detalhe do que estava se vislumbrando diante dos seus olhos. Não souberam explicar como, mas viram que, alguns segundos após o pouso, surgiram dois homens altos. Um deles, de posse de uma caixinha "que alumiava", como dizia tia Chica, andava de um lado para o outro, olhando ao que seria um pequeno painel da caixa. O outro homem, permanecia parado, vigilante, ao lado da esfera, atento a tudo. Num dado momento, tio José, que era portador de bronquite crônica, não conseguiu reter a tosse. De súbito o vigilante deu um sinal ao outro que fazia a estranha pesquisa e, novamente, sem que percebessem como, os dois estavam juntos. Era como se houvesse deslocado flutuando numa velocidade superior ao registro visual. Num ato incontinênti, os visitantes desapareceram das suas visões e, em alguns segundos, a esfera inciou uma subida vertiginosa até sumir entre a miríade de estrelas daquela noite.

NOTA: Recentemente, deparei-me com uma matéria no YouTube trazendo imagens de um UFO esférico, já que a maioria das reportagens apresenta-os em forma de disco.Veja

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=UTRSxzMgqs4#at=245

terça-feira, 13 de julho de 2010

Arquivo X (tupiniquim)





Os moradores de Itacaré contam um fato inédito, daqueles de fazer Platão resmungar: Eu não disse! Platão defendia a existência de um continente, a Atlântida, que segundo ele, foi, lentamente, sendo submerso com toda a sua população. Os ficcionistas deram asas à imaginação e criaram uma versão de um povo submarino. Pelo que eu conheço da cultura de Itacaré, não há como se estabelecer um paralelo neste fato que vou narrar, com, pelo menos o que existe na História e na ficção.


Contam que, certa vez, os pescadores artesanais lançaram as redes em um lugar próximo da costa, visto que a formação da plataforma no litoral de Itacaré, apresenta uma depressão oceânica a poucos quilômetros da costa. Ao recolher uma das redes, estranharam o ser que estava preso. Retiraram da água e trouxeram até o porto. Era uma figura humana, semelhante a um pigmeu, possuindo a pele semelhante a de alguns peixes sem escama e possuía guelras logo atrás das orelhas pontudas. Trouxeram à terra e o estranho ser ficou exposto algum tempo para os moradores.


Mesmo assim, ninguém conseguiu ver-lhe a face, pois desde que foi pescado, o ser manteve uma postura de ficar com a cabeça encostada nos joelhos, fazendo uma espécie de cinta com os próprios braços presos com as mãos. Por mais que tivessem forçado a abrir os seus braços, não conseguiram. E isso foi tentado por dois homens fortes. Temendo que ele viesse morrer, os pescadores o carregaram de volta a um barco e devolveram-no ao mar, no local onde havia sido pescado. Contam que ao se aproximar da água, durante a queda, o estranho estendeu-se em posição de mergulho e sumiu nas profundezas do mar.



A lenda subsiste, até hoje, e alguns pescadores garantem que já se depararam novamente com o que eles batizaram de “Vovô d’água”.

Torço apenas para que não seja uma grande mentira inspirada na estatueta do Monje Balinês.

sábado, 3 de julho de 2010

Incógnita


Ouvi esta história, quando eu era um moleque de 13 anos, mais ou menos. Uma noite, já havíamos jantado, minha mãe dava os toques finais na cozinha e todos se preparavam para ir dormir. Foi nesse intervalo que bateram à porta. Meu pai foi verificar. Era um compadre dele que há tempos não aparecia. Estava viajando e passou lá em casa, naturalmente, para pedir um pouso. Sempre solicito, meu pai convidou o viajante para entrar. Encurtando o causo, depois de comer alguma coisa que ainda sobrara da janta, começaram com uma conversa animada. Era sempre assim. Colocar os assuntos em dia. Vira e mexe, a conversa foi tomando o rumo que eu gostava: as histórias fantásticas. E aí, o compadre visitante começou a contar:
"Havia um fazendeiro numa região dos campos do Paraná que, por volta de 1930, saiu a procura de uma vaca prenha, prestes a dar cria, num dia que se aprontava um temporal no horizonte. Olhando minunciosamente cada palmo do percurso percorrido, deparou-se com uma espécie de alçapão. Estranhou, pois herdara as terras de seu pai, que por sua vez herdera do seu avô. Nunca alguém havia tocado em assunto semelhante.
Desmontou e, analisando melhor, encontrou uma argola grande presa ao alçapão. Com certo esforço conseguiu abrir. Dentro havia uma escada esculpida com degraus de pedra.
Corajoso, o homem entrou pelo alçapão e começou a descer a escada. Avistou no fundo, uma luz mais forte que a de um lampião, visto que na região não havia luz elétrica. Quanto mais descia, mais forte ficava a luz. Quando estava quase terminando de descer, deparou-se com o que seria uma sala exótica, cheia de aparelhos desconhecidos.
Sua surpresa maior, no entanto, foi quando avistou um ser estranho, com algumas semelhanças humanas, que estava entretido na análise de alguma coisa sobre uma mesa enorme. O estranho ser pressentiu a presença do fazendeiro e lançou um olhar tétrico em sua direção. Um frio percorreu toda a espinha do homem, ao tempo que, a criatura, de posse do seria uma ferramenta, lançou-a em direção à lâmpada no teto, quebrando-a. A escuridão inundou tudo. O fazendeiro apesar da coragem extrema, bateu em retirada. De revólver em punho, foi galgando de costas a escada atrás de si, até sair pela abertura onde havia entrado. Ficou por alguns segundos aguardando, como não fora seguido, calculou a distância por duas únicas árvores na proximidade, montou e saiu a galope buscar ajuda. Depois de duas horas, mesmo com chuva torrencial, fizeram uma busca no local e não encontraram mais um vestígio sequer do alcapão. Nem mesmo a polícia, encontrou algum sinal. O homem preferiu esquecer o fato para não ser chamado de mentiroso, apesar de ser conhecido por um homem de palavra."