sábado, 3 de julho de 2010

Incógnita


Ouvi esta história, quando eu era um moleque de 13 anos, mais ou menos. Uma noite, já havíamos jantado, minha mãe dava os toques finais na cozinha e todos se preparavam para ir dormir. Foi nesse intervalo que bateram à porta. Meu pai foi verificar. Era um compadre dele que há tempos não aparecia. Estava viajando e passou lá em casa, naturalmente, para pedir um pouso. Sempre solicito, meu pai convidou o viajante para entrar. Encurtando o causo, depois de comer alguma coisa que ainda sobrara da janta, começaram com uma conversa animada. Era sempre assim. Colocar os assuntos em dia. Vira e mexe, a conversa foi tomando o rumo que eu gostava: as histórias fantásticas. E aí, o compadre visitante começou a contar:
"Havia um fazendeiro numa região dos campos do Paraná que, por volta de 1930, saiu a procura de uma vaca prenha, prestes a dar cria, num dia que se aprontava um temporal no horizonte. Olhando minunciosamente cada palmo do percurso percorrido, deparou-se com uma espécie de alçapão. Estranhou, pois herdara as terras de seu pai, que por sua vez herdera do seu avô. Nunca alguém havia tocado em assunto semelhante.
Desmontou e, analisando melhor, encontrou uma argola grande presa ao alçapão. Com certo esforço conseguiu abrir. Dentro havia uma escada esculpida com degraus de pedra.
Corajoso, o homem entrou pelo alçapão e começou a descer a escada. Avistou no fundo, uma luz mais forte que a de um lampião, visto que na região não havia luz elétrica. Quanto mais descia, mais forte ficava a luz. Quando estava quase terminando de descer, deparou-se com o que seria uma sala exótica, cheia de aparelhos desconhecidos.
Sua surpresa maior, no entanto, foi quando avistou um ser estranho, com algumas semelhanças humanas, que estava entretido na análise de alguma coisa sobre uma mesa enorme. O estranho ser pressentiu a presença do fazendeiro e lançou um olhar tétrico em sua direção. Um frio percorreu toda a espinha do homem, ao tempo que, a criatura, de posse do seria uma ferramenta, lançou-a em direção à lâmpada no teto, quebrando-a. A escuridão inundou tudo. O fazendeiro apesar da coragem extrema, bateu em retirada. De revólver em punho, foi galgando de costas a escada atrás de si, até sair pela abertura onde havia entrado. Ficou por alguns segundos aguardando, como não fora seguido, calculou a distância por duas únicas árvores na proximidade, montou e saiu a galope buscar ajuda. Depois de duas horas, mesmo com chuva torrencial, fizeram uma busca no local e não encontraram mais um vestígio sequer do alcapão. Nem mesmo a polícia, encontrou algum sinal. O homem preferiu esquecer o fato para não ser chamado de mentiroso, apesar de ser conhecido por um homem de palavra."

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